Na próxima quarta-feira, o presidente da Portuguesa de Desportos, Ilídio Lico, vai depôr no Ministério Público do Consumidor de São Paulo. E o promotor Roberto Senise Lisboa quer que o dirigente leve o documento onde a CBF propõe o empréstimo de R$ 4 milhões mediante o compromisso do clube paulista de disputar a Série B deste ano. “Espero que ele se adiante e traga o documento. Se não, vou requerer este documento que está em mãos da Portuguesa”, disse Senise ao Blog do Boleiro.
A avaliação inicial do promotor é de que “a CBF está tentando suprir uma falha dela” ao propôr o acordo com a Lusa. Repetindo o que disse no início do mês, Senise reforçou: “A CBF errou ao não informar em tempo hábil a decisão do STJD em suspender o atleta Héverton, antes da partida contra o Grêmio, na última rodada do Brasileirão de 2013”.
O que aconteceu depois, na avaliação de Senise, foi causado por esta falha a Confederação.
A Portuguesa disse não ter sido avisada pelo advogado que contratou para representá-la no Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Por isso, o departamento jurídico do clube não informou a comissão técnica. Hérveton começou a partida na reserva e entrou no segundo tempo. A Portuguesa que tinha se livrado do rebaixamento, foi punida pelo STJD com perda de quatro pontos, o que levou o clube ao rebaixamento. O Fluminense, beneficiado pela decisão, permaneceu na Série A.
A briga foi parar na Justiça Comum. Dois juízes deram liminares favoráveis a torcedores da Lusa e também do Fluminense. A questão vai parar Supremo Tribunal Federal porque há conflito de interesses. Mas nesta semana, a conta telefônica de Oswaldo Sesteiros (advogado carioca que trabalhava para a Portuguesa) revelou que ele entrou em contato com o vice jurídico da Portuguesa de Desportos, Valdir Rocha.
Agora, o caso está sendo tratado em dois níveis. O promotor Senise já indiciou e encaminhou uma acusação contra a CBF: “Já apontei antes a falha da Confederação no caso. Agora, ou a CBF acaba adotando o que o Ministério Público recomendou, ou seja, reintegrando a Portuguesa, ou vai sofrer uma ação pública”, explicou.
Em outro nível, o caso é da alçada policial. “Estamos apurando se houve fraude, alguma irregularidade que levou a Portuguesa a não ser informada da suspensão do jogador”, disse o promotor. Na verdade, a própria Portuguesa anda às voltas com uma caça às bruxas. Primeiro, a desconfiança de que Sesteiros pudesse ter deliberadamente deixado de informar o clube. Agora, as suspeitas recaem sobre o Dr. Valdir Barbosa e outros funcionários do Departamento Jurídico. Por trás, um possível suborno que ajudaria o Fluminense.
Nesta segunda-feira, Senise ouviu o ex-homem forte do futebol da Portuguesa, Luis Iaúca. O promotor já interrogou o ex-presidente Manoel da Lupa. “Estou montando um quebra-cabeças”, disse. Para os dois dirigentes da Lusa, o promotor perguntou se eles sabiam alguma coisa sobre uma possível negociação da Portuguesa com a TV Globo, para que o clube decidisse ficar na Série B. Ouviu deles que não sabiam de nada.
Da Lupa taxou a proposta da CBF como "indecente". "Seria uma desmoralização se a Portuguesa aceitasse esta proposta. Acho inclusive que isto foi uma burrice da CBF. Ela reconheceu que pisou na bola", disse o ex-presidente da Lusa. O atual comandante do clube, Ilídio Lico, disse à rádio ESPN/Capital que não aceitou a oferta e que vai lutar pelos direitos da Portuguesa.